::Caso Francisca Custódio Santana::
::CARTA AO CRM::
::Cópia
do arquivo original no formato PDF::
Senhor Presidente,
Vimos
através deste, pedir ao CRM,
que seja averiguado
o procedimento efetuado no tratamento
de rim de minha mãe, Francisca
Custódio Santana, pelo Dr.*******
e Dr.*******, do Instituto do Rim
de Goiânia, situado na Alameda
Joaquim Bastos, número 260,
Setor Marista. Esse tratamento resultou
em óbito, em 24/06/2002, segue
em anexo os exames.
Mamãe já estava fazendo
tratamento com o Dr.******* há
alguns anos e em 2001 ela foi várias
vezes ao consultório dele,
já que havia constatado que
tinha cálculo no rim direito.
Nós sempre tivemos muito cuidado
com esse fator, já que o rim
esquerdo era pequeno e não
funcionava perfeitamente. O tratamento
vinha vindo lento por demais; seria
feito litotripsia, mas o Dr.*******
se dizia preocupado com o coração
dela ( no entanto ele fez com que
ela passasse por duas cirurgias de
várias horas, com anestesia
geral, sem contar a colocação
de Duplo Jota que também foi
anestesia geral, sendo que ela não
podia e não precisava ter feito
nenhuma, se eles tivessem sido profissionais
conscientes, competentes e agido corretamente.
Até que enfim, em julho de
2001 foi marcado a litotripsia e não
quebraram todas as pedrinhas... fizeram
outra em outubro... não quebraram
novamente todas as pedrinhas... mamãe
já estava cansada desse ir
e vir, marcou para novembro e ela
não quis ir, estava desanimada,
sabia que não iriam decidir
mais uma vez sobre os cálculos.
Em 28 de dezembro ela sentiu fortíssimas
dores e ficou um dia no hospital,
só tomando remédio e
soro. Mandaram-na de volta para casa.
Dia 04 de janeiro de 2002 ela sentiu
outra cólica e o Dr.*******
resolveu interná-la.
Continuaram os procedimentos lentos
e o Dr.******* ainda viajou sem nos
avisar, nem ao menos para nos apresentar
o médico, no caso, Dr. *******,
que ele deixou responsável
pela mamãe. Não fizeram
nada, a não ser dar remédios
para cólicas, soro. De repente,
no sábado, dia 05 de janeiro
de 2002, Dr. *******, Dr. Márcio
e Dr. Cláudio (anestesista)
chamaram meu irmão Marlos e
eu, expondo a preocupação
do cálculo estar na ureter,
sendo então necessário
fazer uma cirurgia e com urgência
e colocar o Duplo Jota, que era super
fácil, simples, mas o que os
preocupava era o coração
dela, e que a decisão seria
nossa, que teríamos que concordar
ou não. Mas era fazer ou fazer,
não tinha outra alternativa.
A pressão foi tanta sobre o
risco de vida que mamãe corria
se não colocasse o Duplo Jota
imediatamente, que eles não
nos deixaram outra alternativa, tivemos
que confiar, afinal eles eram os médicos,
deveriam saber o que estavam fazendo.
Nós questionamos várias
coisas. Marlos, meu irmão,
tentou falar com o Dr. Antônio
de Morais Filho, urologista do Hospital
Jardim América, para pedir
sua opinião, mas não
conseguiu encontrá-lo, por
ser final de semana. Nós estávamos
inseguros então fomos procurar
o Dr. João Neves Neto, amigo
da família, precisávamos
trocar idéias, mesmo sendo
de outra especialidade (gastroenterologista),
precisávamos sentir seguros,
falar com alguém. Não
tivemos outra alternativa senão
autorizar e assim foi feito, Marlos
exigiu um cardiologista e disseram
que não seria necessário,
pois o anestesista era o suficiente.
Marlos não aceitou essa decisão
e chamaram a Dr. Ivana S. Bezerra.
Para uma simples colocação
de Duplo Jota, como eles disseram,
durou horas. Colocaram uma sonda,
ela perdeu muito sangue, mas deveria
ser normal.
No domingo ela sentia dores, no segundo
dia fez raio x e ultra-som. Resultado:
o Duplo Jota havia saído do
lugar, o rim estava inchado, foi isso
que eles nos disseram. No dia 07 de
janeiro, segunda-feira, o Dr.*******
já estava novamente no hospital.
Ele, Dr.*******, Dr. Márcio
e Dr. Nadim reuniram-se com o Marlos
e explicaram, à maneira deles,
e que precisava fazer uma cirurgia
com a maior urgência, pois o
Duplo Jota estava fora do lugar (conforme
laudo do dia 07/01/2002, da clínica
São Marcelo), Marlos ficou
desesperado, uma coisa simples estava
se encaminhando para algo gravíssimo.
Tínhamos que agir rápido.
Tanto cuidado que tivemos, principalmente
o Marlos, em relação
à saúde dela, o medo
que tínhamos de cirurgia e
estávamos nesta situação
por procedimento inadequado.
Mais uma vez não tivemos outra
alternativa, a não ser autorizar,
já que mais uma vez
se tratava de uma emergência,
com risco de vida. A cirurgia
foi realizada na segunda-feira mesmo.,
pelos quatro médicos acima
citados, mas só o Dr. Nadim
inspirava confiança. Marlos
exigiu novamente um cardiologista
presente na cirurgia. Dr.******* foi
contrário, mas acabou cedendo,
pois o Marlos não voltou atrás
e chamaram a Dra. Ivana. A cirurgia
foi delicada e durou horas intermináveis,
estávamos apreensivos, já
não confiávamos no Dr.*******
e muito menos no Dr.*******. Mamãe
saiu do Centro Cirúrgico, com
sonda, um curativo e dreno. Foi angustiante
para ela esse tempo de anestesia.
Com o passar das horas, saía
muito sangue, tinha que trocar o curativo
a toda hora, molhava toda ela e isso
a incomodava muito. Depois de tanta
agonia, um enfermeiro me orientou
sobre uma bolsa de colostomia, que
isso já poderia ter sido feito
e teria evitado o transtorno. Fiquei
revoltada com o Dr.*******. Pedi ao
Dr. Nadim à noite (ele estava
de plantão) e ele autorizou
que se colocasse o mais rápido
possível, coisa que o Dr.*******
é que deveria ter tido a iniciativa.
Pela forma que o Dr. Nadim atendeu
a mamãe e conversava comigo,
senti um pouco de segurança
e confiança nele e percebi
que podia contar com ele e realmente
ele socorreu a mamãe em outra
ocasião.
Passamos pelo transtorno de alguns
enfermeiros mal humorados, insensíveis,
que vestiam a camisa dos médicos,
mesmo sabendo que eles não
estavam agindo corretamente. Precisávamos
exigir, exigir cada vez mais... Mamãe
precisava de cuidados especiais. Ai
de nós se não fosse
uma outra turma de enfermeiros, competentes,
humanos, sensíveis ao sofrimento
da mamãe e ao nosso desespero.
Mamãe estava pálida
e o meu irmão questionou que
achava que ela estava anêmica.
Por isso fizeram o exame de sangue
e foi constatado que realmente precisava
de tomar sangue, foi necessário
algumas bolsas de sangue. Ela ainda
sofreu horrivelmente com prisão
de ventre, sentiu fortíssimas
dores, ficou vários dias sem
evacuar e o Dr.******* continuava
lento. Mais uma vez, Dr. Nadim nos
socorreu e mandou fazer lavagem intestinal.
É doloroso reviver isso, o
sofrimento da mamãe, o descaso,
a frieza, a insensibilidade do Dr.*******,
a incompetência do Dr.*******,
sem contar que com toda fraqueza,
dores, ainda queriam levá-la
de maca até à Clínica
São Marcelo para fazer raio
X (disse que o aparelho estava quebrado),
evidente que Marlos a levou de carro.
Isso é uma coisa inusitada,
irreal. Será que eles fariam
isso com a mãe deles? E se
não bastasse tudo isso, ela
ainda contraiu infecção
hospitalar, isso é
inadmissível, mas com o descaso
que foi, não podia ser de outra
forma.
Marlos e eu batemos de frente milhões
de vezes com eles, até mesmo
com alguns enfermeiros, mas não
foi suficiente, tínhamos que
ter exigido mais, mais e ainda era
pouco. Depois de alguns dias, Marlos
conseguiu falar com o Dr. Antônio
de Morais Filho, contou tudo para
ele e ele se prontificou em ajudá-lo
no que fosse preciso, que se tomássemos
a decisão de tirar a mamãe
do hospital, podia ligar imediatamente
para ele. Aí levaríamos
para o Hospital Jardim América.
Só que nesse intervalo o nefrologista,
Dr. Fernando Vinhal, entrou na questão,
e sentimos uma certa confiança
nele. Gostamos dele de imediato, transmitiu-nos
segurança, compreensão,
solidariedade e competência,
aí resolvemos deixá-la
no Instituto do Rim. Dr.******* deu
alta para mamãe, no dia...
mesmo se ele não tivesse dado
alta já tínhamos decidido,
de qualquer maneira, tirá-la
de lá. Mamãe foi para
nossa casa, e nós percebíamos
que ela não estava bem, o Dr.*******
veio aqui algumas vezes, acho que
com a consciência pesada, sé
é que tem uma, mesmo querendo
não admitir ele sabia da gravidade.
Marlos chamou o Dr. Antônio
em casa, ele a examinou com o maior
carinho e se fôssemos tirá-la
realmente dos cuidados do Dr.*******,
ele iria cuidar dela como se fosse
sua própria mãe. Ele
pediu imediatamente exames de urina
pois pela cor da mesma tinha-se quase
certeza da infecção,
só não se sabia que
esta era hospitalar (exame do dia11/01/2002).
Não tivemos nenhuma dúvida,
internamos a mamãe no Hospital
Jardim América, aí começou
a corrida contra o tempo onde um batalhão
exames foram feitos. Dr. Antônio
nos disse que foi procedimento errado".
Tudo estava complicado, problemas
no rim, coração (o qual
até o momento estava totalmente
controlado pelo Dr. Gilmondes Gomes
Borges), e a maldita infecção,
que só aumentava, adquirida
no Instituto do Rim, conforme comprova
os exames de sangue. Conseguimos o
prontuário dela na UNIMED,
pois eles estavam dificultando o repasse
desse prontuário para nós,
para que o Dr. Antônio pudesse
se inteirar melhor do caso, mas
no histórico não tem
nada X nada do que realmente aconteceu
com mamãe, com certeza todos
eles precisam esclarecer isso com
detalhes, falo isso com a maior segurança,
pois me tornei enfermeira da mamãe,
noite e dia, incansavelmente e Marlos
também acompanhava tudo de
muito perto.
Dr. Antônio teve que retirar
o Duplo Jota para ver se era ele que
causava a resistência à
infecção, mas teve que
colocar outro. Mais uma vez, cirurgia.
Passado algum tempo, ele pediu para
chamar Marlos e eu à porta
do Centro Cirúrgico. Ele estava
com uma expressão seríssima
e preocupada. Disse que teria que
abrir a mamãe novamente, pois
alguma coisa estava errada, pois não
conseguia colocar o Duplo Jota. Tínhamos
que decidir rápido, pois já
fazia tempo que ela estava anestesiada,
novamente ele reafirmou que esse seria
o procedimento que ele faria com sua
própria mãe. Autorizamos.
A cirurgia demorava infinitamente.
Chamaram-nos novamente, o Dr. Lenne,
o anestesista, o qual admiro muito
com a seriedade e clareza com que
ele sempre nos tratou. Disse que tudo
estava complicado dentro da mamãe,
que realmente era muito delicado e
que ainda iria demorar. Dr. Antônio
não conseguia achar o ureter,
que estava todo danificado, tudo estava
inchado dentro da mamãe, e
estava difícil para colocar
o Duplo Jota. Foram horas angustiantes
e inesquecíveis. Depois da
cirurgia ele nos disse que graças
a Deus havia conseguido localizar
o ureter, foi preciso fazer praticamente
uma plástica. Ele estava impressionado
com tudo.
Está muito difícil de
contar detalhadamente tudo isso, vou
deixar para que vocês ouçam
o Dr. Antônio, Dr. Lenne, Dr.
Fernando, que são profissionais
sérios e não vão
omitir os fatos só para favorecer
seus colegas. É necessariamente
imprescindível que também
ouçam o Marlos, sei que vai
ser difícil para ele, mas é
totalmente necessário, há
muita coisa a esclarecer.
A medicina como um todo precisa mudar
com urgência de direção,
de rumo. Nunca vou esquecer o descaso,
a frieza do Dr.******* e o sofrimento
da mamãe.
Dr. Fernando Vinhal, Dr. Antônio
nos acompanhou em tudo, quase todo
o tempo. Deu assistência à
mamãe até o último
momento, esteve totalmente presente
em nosso desespero, nos auxiliou muito
e tem consciência de exatamente
tudo que passamos, não sei
como esses médicos conseguem
ter a consciência tranqüila
e em paz, continuando a viver normalmente
como se nada tivesse acontecido. Destruíram
uma vida e uma família. Mas,
acredito na justiça e acredito
no CRM.
Senhor Presidente, se não nos
manifestamos antes é porque
não tínhamos condições
psicológicas e ainda hoje é
muito difícil acreditar em
tudo que passamos, principalmente
a mamãe que além de
todo sofrimento perdeu a vida.
Nos colocamos à disposição
do CRM, para quaisquer esclarecimentos.
Solange Custódio Santana
solangesantanasantana@bol.com.br
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